(...) vez por outra queria fugir. Ir embora e deixar tudo para trás. Ir embora e se quer olhar para trás. Nessas horas se sentia a pior pessoa do mundo. A mais suja, a mais feia, a ruim. Mas mesmo assim ainda queria aquilo, com toda a sua força, desejava aquilo, de todo coração. E desejava porque sabia que ninguém realmente a via. Pensavam que viam, e ela fingia que se deixava ver. Vai ver fingiam ver, não sei... O grande problema é que ela tinha medo do dia em que seria forçada a olhar para trás e ver o que tinha feito no fim das contas. E ela sabia que não era nada que merecesse lá grandes orgulhos - se é que merecia algum. E chorava. Não com choram as crianças, nem as garotas mimadas. Chorava silêncio, culpa, arrependimento. Chorava saudade, e uma pitada de tristeza. Chorava porque tinha medo de ter se perdido, de não saber mais quem era, mas no fim ela sabia, e isso - exatamente isso - era o que a fazia mais chorar. Ela sabia o que era, e o que não era. Não era mais menina, era mulher. E em segredo cochichava pra si mesmo: "como eu queria não ser".
Puxa, muito profundo e verdadeiro!No fundo cada uma de nós sempre chora por ver a menina deixada para trás e a mulher que está logo ali na frente...A questão é qual delas se deve assumir.
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